A última semana da Festa Internacional de Teatro de Angra, a Fita, ainda rende por aqui – principalmente por causa do meu atraso em escrever sobre as peças assistidas. Com um belo pedido de desculpas, seguem as impressões sobre os outros cinco espetáculos que assisti.
O Gato Branco – Sete pessoas são convidadas a participar de um jantar exótico, numa embarcação. No misterioso convite, cada um fica sabendo que terá que matar alguém. Estranho, não? Estranho e criativo, eu diria. Esta é a premissa de “O gato branco”, de Jô Bilac – direção de João Fonseca –, que oferece uma verdadeira análise em relação ao comportamento humano diante da culpa e do medo. Misto de thriller policial e suspense aparentemente nonsense, o espetáculo conquista por vários méritos, e termina de forma coerente. Nota 7.
O Gato Branco |
Comédia Russa – A peça, com texto de Pedro Bricio e direção de João Fonseca, parte da premissa de analisar a vida de um funcionário público na Rússia, desde sua contratação, cheia de sonhos, até o momento em que o próprio cai na realidade e assume que nada é como ele pensava. As situações apresentadas são recheadas com muito humor e ironia, ancoradas na qualidade do texto e na ótima interpretação dos atores. E se do meio em diante o espetáculo descamba para um andamento rocambolesco, com assassinatos e revelações mil, não importa: a mensagem já foi passada... E com maestria. Nota 7,5.
Abalou Bangu 2 (A festa) – Paulo Goulart e Cristina Pereira interpretam o casal suburbano Maurício Otávio e Maria Elvira, que ao se mudar para Copacabana, por causa do filho, descobrem que a vida na Zona Sul da “Cidade Maravilhosa” não é nada fácil. A ideia de realizar uma festa comemorando os 40 anos de casamento, e convidar toda a família, vai se revelando tragicômica quando nem os parentes mais próximos – inclusive o filho – parecem motivados a comparecer. Exemplo de texto morno que, defendido por ótimos atores, flui que é uma beleza. Todos os aplausos ao casal gay interpretado pelos atores Claudio Galvan e Luciano Borges. Nota 7.
Tango, Bolero e Cha, Cha, Cha – Impossível não elogiar todo o trabalho corporal e até mesmo comportamental do ator Edwin Luisi ao interpretar um marido que, depois de fugir de casa, largando filho e esposa, retorna ao lar de forma diferente – na pela da espalhafatosa transexual Lana Lee. Toda a trama gira em torno da nova condição do pai, e na intenção do próprio em transmitir a novidade à família de uma forma que não cause muito espanto. Missão impossível, assim como não se escangalhar de rir durante boa parte do espetáculo. Nota 7.Tango, Bolero e Cha, Cha, Cha |
Dois Perdidos Numa Noite Suja – Clássico texto de Plínio Marcos que ganha vida através da direção de Gabriel Gracindo e dos atores Último de Carvalho e Bruno Sobral. Dois carregadores de caixa, de origens diferentes, dividem o mesmo quarto numa hospedaria de quinta categoria. Tonho, o rapaz “estudado”, acredita que só precisa de um sapato decente para melhorar de vida; Paco, desde sempre largado pelo mundo, quer uma flauta, para voltar a se apresentar pelos bailes da cidade, faturando alguns trocados. No meio disso tudo, uma relação de amor e ódio que vai terminar de maneira trágica. Todo o clima claustrofóbico que a peça pede está lá, mas o tom dos atores ainda precisa melhorar. Nota 5.
Dois Perdidos Numa Noite Suja |
Por Hugo Oliveira
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