O livro 41 Inícios Falsos, da jornalista norte-americana Janet Malcolm, não
é para qualquer um. Lançado no Brasil em
fevereiro deste ano, através da coleção Jornalismo Literário – Companhia das
Letras –, o volume apresenta textos que vão além de reportagens e críticas
sobre personalidades ligadas ao mundo da arte, utilizando-se da erudição e da
criatividade da autora para fazer com que os escritos revelem muito mais do que
o trivial.
E numa época em que o jornalismo
abraça a trivialidade ao mesmo tempo em que manda beijos apaixonados para o que
é superficial, ler Janet equivale a medir forças com a ignorância que grassa
não apenas pelo país, mas por todo o mundo. É tarefa difícil, quase impossível para
um “brasileiro médio” como eu, captar suas variadas referências, acompanhar sua
linha de pensamento e entender as nuances que permeiam seu trabalho. Ainda
assim, desistir estava fora de cogitação.
Confesso que, apesar de ler com
muita rapidez, fiquei quase três meses voltado ao livro em questão. Os textos
da jornalista são, na verdade, ensaios. Eles estão sempre abertos a formatos e
estranhezas literárias mil, no bom sentido. Janet consegue produzir textos
curtos e certeiros, seja para descrever o método de trabalho do jornalista
Joseph Mitchell ou defender a importância dos cinzeiros na obra do escritor
J.D. Salinger; alonga-se também, com maestria, como no escrito que dá título ao
livro ou na obra-prima A garota do
Zeitgeist, um documento de quase cem páginas onde se cruzam fontes e pontos
de vistas, resultando num texto interessantíssimo, a respeito da editora de uma
famosa revista de arte vanguardista.
Fui chamado por uma amiga da
cidade onde moro, Angra dos Reis, para falar sobre a minha profissão na escola
onde ela leciona. Será um tipo de feira estudantil voltada à questão
profissional. Vou falar sobre como
entrei na área, os prós e os contras, o mercado de trabalho e os pré-requisitos
que ajudam na escolha do jornalismo como meio de sobrevivência. Além disso,
faço questão de inserir um novo tópico na minha explanação: outros jornalismos
possíveis.
Por Hugo Oliveira
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