"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire
terça-feira, 31 de julho de 2012
Tudo Tanto
Já está disponível para download no site da Tulipa seu segundo álbum, Tudo Tanto. E a primeira impressão é a melhor possível, parece estar um passo a frente de sua já excelente estreia. Vale ouvir com atenção!
Por Ricardo Pereira
domingo, 29 de julho de 2012
Ballad of the Pines
Looking for a reason not to stay drunk
All the time
Fell my way through the creases of those wrinkled linen sheets
Of time
You wondered off to Mexico
Leaving late no one know you flown
It was the moment I made a truce
Between the feather and goose
Come back speaking Spanish
I don't mind
Sky water running off the mountain
Sliding through the light of dusty souls
The feel of what our grows asking the beetle
Of the lonely mocking bird
When you're running off with money man
We all knew there would be no return
That was the moment when the breeze
Stashed across the wicked sees
And came back as the ballad of the pines
Sing it with me if your heart is broken
This is the Ballad of the pines
Sing it with me if you're filled with joy
For this is the Ballad of the pines
Sing it with your best friends sing it to you
The ballad of the pines
They are scared and their like temples sing it to them
The ballad of the pines
Por Ricardo Pereira
sábado, 28 de julho de 2012
O fim não tem fim
“Às vezes quero crer, mas não consigo
É tudo uma total insensatez
Aí pergunto a Deus: escute, amigo
Se foi pra desfazer, por que é que fez?”
É tudo uma total insensatez
Aí pergunto a Deus: escute, amigo
Se foi pra desfazer, por que é que fez?”
Quando mais novo, muito me
inquietavam estes versos de Vinicius. Quantas angústias infantis, adolescentes
não foram embaladas/alimentadas por esta ideia?
E a cada término de
relacionamento, com todas as dores, frustrações e, principalmente, o vazio
decorrentes, não consigo deixar de pensar nisso. Independente da duração do
envolvimento, sejam seis meses ou seis anos, é grande o investimento. Outra
pessoa passa a ocupar tal espaço em seu dia-a-dia, que mesmo quando não se está
junto, não se sente totalmente só. Por isso, a primeira porrada é sempre um
vazio a princípio impreenchível. Seu time pode estar jogando, seus discos mais
importantes sucedem-se antes de chegar à metade, suas cervejas preferidas
parecem fora do ponto. Nada está no seu lugar.
As pessoas falam que só o tempo.
As canções também: “tudo passa, tudo passará”; “as coisas quase sempre acabam”,
difícil é a espera. Até quando queremos acreditar que é a decisão certa, inevitável
lembrar de quando tudo funcionava e cada momento relembrado é uma pontada de
dor. Cada relacionamento desfeito deixa para sempre essa cicatriz, estranha
tatuagem, linha tão sensível que passa a não incomodar, depois de um tempo só a
sentimos se a procurarmos, tateando o lugar específico, visível apenas para
quem sentiu.
Os discos ou canções que marcam
cada fim? Tenho as mais diversas recordações. Seja de um relacionamento
duradouro, antes do término definitivo, naquele momento angustiante em que os
dois sabem que não há mais jeito e tentam se convencer do contrário, procuram
buscar força para continuar. Numa dessas, na madrugada silenciosa, entre lágrimas
compartilhadas, ao fundo apenas o som de um karaokê ao longe, sem ninguém
cantar, apenas a melodia de uma triste canção de Roberto, “De tanto amor”, como
se a falta da voz, a letra apenas na imaginação, representasse a falta que um
faria na vida do outro durante muito tempo ainda. Brega, eu sei. Como todo
amor, como todo fim de amor.
O fim veio meses depois e foi
bater mesmo junto com uma audição desesperadora do Blue, da Joni Mitchell. Outros discos já fizeram papel semelhante
em diferentes ocasiões, no fundo quase todas iguais: Out of Season, O, Changing Horses, Blood on the tracks, claro. Mas a maneira fantasmagórica que as
palavras, a sonoridade, a sensibilidade contida no Blue anunciaram o fim continua imbatível na minha memória,
provavelmente a exagerar os fatos, como quase sempre.
É fácil, nesses momentos,
agarrar-se aos versos mais desacreditados: “não acredito mais no fogo ingênuo
da paixão (...) nessa estrada, só quem pode me seguir sou eu”; “ah, se tu
soubesses como machuca, não amaria mais ninguém”; “sozinho eu vou ficar melhor”.
No entanto, cedo ou tarde, arde no peito “o segredo dos mares por navegar”, e o
sujeito, enganado pelo “espinho disfarçado de rosa”, pela “enganosa euforia do
vinho”, regressa, tonto de sede, para mais um amor, rumo a mais um fim.
Daí não mais me inquietarem tanto
os versos de Vinicius hoje em
dia. Para cada grande ou pequena dor advinda de um final,
fica o brilho de tanta beleza vivida, os momentos de ternura compartilhados que
servem de guia, luz e esperança ao coração e corpo muitas vezes cansados. Fica,
acima de tudo, a gratidão.
“Tenho o que ficou
E tenho sorte até demais
Como sei que tens também.”
E tenho sorte até demais
Como sei que tens também.”
Por Ricardo Pereira
quarta-feira, 18 de julho de 2012
Pequenas grandes canções do Britpop - "Heroine", Suede
As tão sonhadas férias trouxeram várias coisas boas. Voltar a escutar música, por exemplo.
Mexendo na minha modesta coleção de discos, acabei descobrindo que tenho os principais trabalhos das bandas que bagunçaram o coreto inglês na primeira metade dos anos 90.
Oasis, Blur, Pulp e Suede eram os cabeças por trás do Britpop, estilo musical que pagava tributo a grandes nomes britânicos do rock - Beatles, Kinks, T.Rex, David Bowie e The Smiths, acima de tudo.
Tinha muita chupação e plágio, como não poderia deixar de ser. Mas também existiu espaço para novas ideias e até mesmo um revisionismo que se nivelava por cima.
A farra foi boa, gerou ótimos discos e singles, mas chegou ao fim, já no final da década. A herança veio inicialmente em forma de nomes como Coldplay e Travis; mais à frente, toda uma cena indie que ia de Libertines a Franz Ferdinand, passando por Kaiser Chiefs e Arctic Monkeys, também sofreu influência, embora mais diluída. Mas isso é uma outra história. Vamos ao que interessa.
O Suede nasceu do esperma de David Bowie... E foi gerado no útero de Morrissey, ex-vocalista dos Smiths. Lançaram cinco discos de carreira, entre eles, "Dog Man Star", segundo trabalho do grupo.
É uma obra musical com muita história para contar, geralmente triste, como a saída do guitarrista Bernard Butler logo que o álbum foi finalizado. Ainda assim, restaram vários motivos para sorrir e ficar encantado, como "Heroine", terceira faixa do CD.
Primeiro uns harmônicos misteriosos; depois, um dedilhado mortal, que vai serpenteando por toda música, graciosamente. Para finalizar, uma voz que eleva um rockão poderoso a hino, num piscar de olhos. Ou melhor, num abrir de boca.
Feito um dândi destes tempos, quer dizer, daqueles, o vocalista e letrista Brett Anderson, 27 aninhos, jeitinho de "bissexual que nunca teve uma experiência homossexual" - as aspas são dele mesmo -, canta sobre a necessidade de ver sua heroína, que caminha linda como a noite. Sei, Brett...
Por Hugo Oliveira
Pelo Estádio Olímpico João Saldanha
Excelente campanha para que o nome do Engenhão seja trocado de João Havelange (com o perdão da má citação) para João Saldanha. Se você também concorda, assine o abaixo-assinado aqui!
Aí sim vale a pena a homenagem, grande brasileiro, grande botafoguense!
Por Ricardo Pereira
Aí sim vale a pena a homenagem, grande brasileiro, grande botafoguense!
Por Ricardo Pereira
O Terno - 66
Esses dias, circulando canais de madrugada, vi o clipe dessa rapaziada na MTV e gostei bastante. Música bem boa e clipe divertido, a conferir o disco completo para ver se temos aí alguma boa novidade no insosso rock nacional dos anos 10.
Por Ricardo Pereira
terça-feira, 17 de julho de 2012
Treefingers
Não sei se sempre fui assim ou
quando me tornei. Hoje, no espelho pela metade, enxergo uma pessoa estreita,
sentindo-se velho cedo demais, esperando o tempo passar. Triste, não. Certa
vez, uma amiga, ao perder a mãe, afirmou que a mesma nunca fora feliz. Ninguém
pode dizer isso de mim.
A metáfora do Michael Jackson é
uma boa. Uma bolha. Sim. Há alguns anos, um destes toscos programas
sensacionalistas comentava sobre uma bolha que o cantor possuía em casa para
que pudesse ficar sem ser contaminado. Nem sei se verdade ou não. Mas a imagem
ficou e é numa bolha que me sinto às vezes. Fechado, cercado de livros, discos,
filmes, enchendo-me de cultura para me esvaziar de vida. Há quem pergunte sobre
claustrofobia, digo que até a pouco ar fui me acostumando a respirar.
Alguns poucos amigos e familiares
lidam bem com isso, ora habitando a bolha, ora tirando-me para respirar novos
ares. Nela, estou a salvo de grandes tormentos, sofrimentos demais, fico apenas
com os inevitáveis. – E, agora, escrevendo isso, pergunto-me: terá sido a bolha
uma criação de Ricardo Reis enquanto pessoa?
Gostaria que o tempo passasse
diferente aqui dentro. Mas, não. É preciso trabalhar e não posso perder a hora
do mundo. Será que o menino parado horas por dia com uma fita virgem no pause
esperando que o rádio tocasse alguma música de que gostasse para gravar já
habitava a bolha sem saber? Ou apenas, como Penélope/Jacob dos tempos modernos,
tecia invisível sua morada permanente de adulto?
Quando alguém cheio de vida, com
olhos ávidos pelo mundo, consegue romper tantas barreiras e, por essas ironias
tão comuns, acaba envolvendo-se é que esta condição transforma-se em frustração. Triste
imagem é uma criatura com asas a se debater em um limite invisível, cerceada
pela ousadia de tentar amar um alguém com pés de chumbo e horizontes tão
estreitos.
A vida se repete e, com ela, as
mesmas canções a ricochetear nas paredes intangíveis da bolha. Mitchell, Gibbons, Marshall – as damas, primeiro –, Young,
Yorke, Billy, Tweedy, Dylan e John. Parecem confortáveis aqui dentro, mas são
apenas vozes, não apenas vozes – parte do meu coração a reinventar sentimentos
e vida das mesmas palavras repetidas.
I got a message I can't read
|
Por Ricardo Pereira
segunda-feira, 16 de julho de 2012
Emblema de mim mesmo
Bastou um dedo de prosa, um
encontro rápido numa pizzaria. Pronto: meu amigo Ricardo Pereira havia me deixando
curioso quanto ao livro Quase memória,
do jornalista Carlos Heitor Cony.
Disse que seu pai, Antônio, tinha lido, e que
ficou muito emocionado com a trama do volume – chegando, inclusive, a ligar
para o filho quando terminou de ler a última página da obra, para indicar a
sugestão de leitura.
Tio Toninho estava certo. Quase memória, livro assustadoramente simples,
é tocante. Ele apresenta um enredo nada fantástico. Depois de receber um
misterioso – e familiar – envelope, um homem passa o dia relembrando momentos
de sua vida, mais especificamente, ligados à relação que mantivera com o pai enquanto
ele ainda vivia.
Um quase romance, misto de quase
biografia do pai do escritor e quase autobiografia do próprio? Muito mais do
que isso. Uma obra certamente nostálgica, mas que acalma os corações dos que
estão no “limiar da maturidade”. Como eu, por exemplo.
Poderia escrever várias linhas
sobre as memórias que acabei por trazer à tona durante a leitura do livro. E
elas não foram poucas. Ainda assim, o que o volume ofereceu de mais importante,
ao menos para mim, foi a certeza de que a passagem do tempo sempre reservará
grandes coisas.
Foi-se a juventude das primeiras
horas, a urgência; ficou a capacidade de observar melhor as coisas e as pessoas,
de encontrar prazer e emoção nas pequenas mudanças. Sai a velocidade; entra a contemplação.
Meus discos, livros e filmes já
não são páreos para toda a beleza que é viver ao lado de meus familiares,
amigos e conhecidos. Nada se compara à
força grandiosa, complexa e renovadora da vida.
Quase memória é isso: um momento de reflexão. Um atestado de que a
capacidade de viver e morrer, e nesse meio tempo encontrar histórias e pessoas
inesquecíveis, é o que vale.
Tudo o que vem depois não me
importa. Mantenho o envelope fechado.
De qualquer jeito, nos encontraremos num dia ensolarado |
Por Hugo Oliveira
Quase memória (por influência do meu pai)
Adquiri o Quase memória, quase romance de Carlos Heitor Cony, aos 45 do segundo tempo da minha visita à bienal do livro do ano passado. Ia saindo de um estande, já na hora do retorno, quando o avistei escondidinho, como um brinde a me chamar. Já simpatizante da escrita de Cony e com a vaga lembrança de alguma boa recomendação ou crítica lida, trouxe o livro comigo.
Com todo meu tempo de leitura
disponível dedicado à monumental biografia de Dostoievski, foram se acumulando
os pequenos romances a serem lidos. Há mais ou menos dois meses, resolvi dar
uma pausa na pesquisa sobre o grande mestre russo para arejar minha cabeça com
um pouco de ficção.
Quase memória não estava agendado para o momento. Emprestei-o então
a meu pai, e, há duas semanas recebi uma ligação. Era o pai, emocionado como
poucas vezes o vi, ao terminar a leitura, recomendando que eu lesse assim que
pudesse. E foi assim, como um embrulho inesperado no tempo e no espaço, que o
livro me chegou às mãos, furando a fila das leituras previstas.
Neste livro, Cony nos apresenta a
seu pai, Ernesto Cony Filho, dez anos após sua morte. E que personagem
encontramos nas páginas de Quase memória!
Através de um bom gancho narrativo oriundo de um sonho do autor, vamos
conhecendo aos poucos as excentricidades, virtudes e defeitos do pai, enquanto
acompanhamos as deliciosas histórias narradas com o frescor e simplicidade
característicos da pena de Carlos Heitor Cony.
E, à medida que avançamos as páginas,
vamos nos afeiçoando ao Cony pai e, como num espelho, compreendemos o que o
filho narrador sentiu em cada momento daqueles. Dessa forma, o leitor é levado
irreversivelmente a pensar na relação que mantém (ou manteve) com o pai.
Foi assim que, noite adentro em
meio à leitura, tive que parar por instantes, pois fui tomado da necessidade
urgente de ouvir Beatles. E, enquanto emendava o Magical Mistery Tour e o Revolver,
como um vistoso balão a ganhar os céus, minha memória foi passeando suavemente
por momentos marcantes vividos com meu pai – felizmente ainda presente e com
muitas histórias ainda por fazer -, desde o seu Antonio jovem gravando coletâneas
em fitas cassete às vistas de um encantado Ricardo ainda pequeno; ele me
apresentando à mitologia dos Fab Four, iniciando-me em um politeísmo rock n’
roll cada vez mais presente em minha vida; nossa proximidade enquanto me
ensinava a dirigir; suas grandes histórias da papelaria Casa Nova e, depois, já
na Maktub; as leituras, gestos, parecenças e divergências compartilhados... Memórias
vívidas e escorregadias como o mantra de um acorde de ‘Tomorrow never knows’.
Pus-me então a pensar na
curiosidade de justamente este livro, após quase um ano parado na minha
estante, ter sido lido primeiro por meu pai e recomendado por ele. Coincidência?
Não de acordo com Ernesto Cony. Como um balão lançado por mãos dedicadas, que
voa aos céus e retorna para onde nasceu, ou um livro assinado pelo pai que é
encontrado pelo filho, anos depois, abandonado em um sebo, as coisas acontecem
de forma pré-determinada, porque tinham que acontecer. Afinal, “não existem
coincidências, logo, as semelhanças, por serem coincidências, também não
existem”.
Por Ricardo Pereira
Que fim levou o blog?
Um mês sem postagem. Certamente o
pior índice desde que eu e Hugo iniciamos este espaço para darmos vazão à
necessidade de falar sobre o que nos apaixona ou mesmo que apenas nos chama a
atenção. Desde que extirpei meu perfil do imbecilizante fomentador de egos
facebook, o número de leitores deu uma diminuída. Bem ou mal, servia como
divulgação de nossos textos, lembrava as pessoas de nossa existência.
Mas o número de leitores nunca
foi o que movimentou nossa produção, ainda que os textos mais lidos e bem
recebidos sempre servissem de motivação. Ao menos no meu caso, fui acometido de
uma terrível falta do que dizer. Paradoxalmente, assuntos não faltaram. Temas
que poderiam ter virado textos (ou ainda podem virar):
- a facilidade de criação de pops
perfeitos nos últimos álbuns de Ben Kweller e Brendan Benson.
- o quando vai ficando cada vez
mais interessante a carreira de Norah Jones. As maravilhas contidas em Litlle Broken Hearts, ainda melhor que o já ótimo
anterior The Fall.
- a descoberta de mais um bom
autor português contemporâneo: João Tordo, a partir da leitura do excelente Livro dos homens sem luz.
- a Bahia Fantástica de Rodrigo Campos, linda idealização musical
contida no segundo álbum do compositor.
- minha ida à FLIP para ouvir Ian
McEwan, e o quanto é diferente o contato com um ídolo da literatura.
- o delicioso pão de chia e macadâmia,
lançamento da Wickbold.
- a saída de Abreu e a chegada de
Seedorf ao Botafogo.
Além disso, tentei escrever
daqueles mini contos que vez ou outra publico, mas todas as minhas tentativas
apontavam para o mesmo personagem tantas vezes abordado aqui: um homem que se
isola do mundo, aconchega-se na solidão para sofrer menos. Caso para levar a um
terapeuta, não para as páginas do blog.
Vamos tentar não desistir.
Retornamos com as quase memórias...
Por Ricardo Pereira
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