"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire

sexta-feira, 13 de maio de 2011

All the young dudes

Assistindo televisão, hoje, na hora do almoço, vi um senhor tocando cavaquinho, numa reportagem. A matéria falava sobre idosos abandonados nas ruas do Rio de Janeiro. O simpático velhinho do cavaco não fazia mais parte das estatísticas: havia conseguido um emprego de porteiro e, com a pequena aposentadoria que recebia, acabou conseguindo alugar um quartinho, num subúrbio da Cidade Maravilhosa.
A situação em si já era tocante. Mesmo assim, o que me emocionou foi o depoimento dele. Dedilhou algumas cordas do instrumento, centrado na canção que tocava, e disparou. "A música me faz esquecer das coisas ruins que, às vezes, a gente pensa. Fico feliz quando toco. Sem música eu não seria nada".
Aí eu me lembrei de um cara que morreu nesta semana, que era aqui da minha cidade - Angra dos Reis. Eu nem o conhecia. Na verdade, acho que nunca o vi. Os amigos dele o chamavam de "Paulão Rock'n'roll". Tocava gaita e, segundo um colega meu, era um dos jovens que, nos anos 80, levantava a bandeira do rock no município.
Esse mesmo colega - é você mesmo, Niltinho! - que cedeu algumas informações sobre Paulão, pelo Facebook, também postou umas palavras que, para muitas pessoas, não dizem muita coisa... Mas, para mim, fazem todo o sentido do mundo. " (...) Ele tinha uma oficina de motos no Morro do Peres que servia de ensaio para várias bandas... E de ponto de encontro, também. Sonhamos muito naquele lugar... E tivemos bons momentos".
Música é sobre sonho. Sobre conquistar a menina amada. Ser o maioral por 3 minutos e meio. Mudar alguma coisa ou, ao menos, mexer com as estruturas de um bairro, uma cidade ou uma pessoa. Sobre não envelhecer nunca. Sobre ingenuidade e beleza. Sobre quatro ou cinco garotos numa garagem apertada, abafada e suja, tocando instrumentos baratos em amplificadores de qualidade duvidosa... Todos eles sorrindo.
Quem toca música, curte música, mexe com música, é fã de música, enfim, respira música, é diferente. E eu não estou falando apenas de rock. Essa coisa que nos faz chorar, dançar, ficar puto, sorrir e amar, entre outras milhões de coisas, é sagrada. É Deus em forma de acordes, letras e harmonias.
Música, de qualquer tipo, é religião. É a mais poderosa e verdadeira de todas.
Para Paulão e todos os garotos e garotas que vão ser eternamente jovens, eu ofereço, humildemente, um dos nossos "hinos".

Show must go on.

  







Por Hugo Oliveira

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