"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Estrela Solitária: Ben Kweller no Rio

Quando confirmada a vinda de Ben Kweller ao Brasil, foi grande a expectativa. Conheci seu trabalho em 2004 através do segundo disco, On my way, até hoje meu preferido de sua discografia. Em um clima setentista, alternavam-se bons rocks, folks e belas baladas com letras acima da média. Só depois fui conhecer sua estreia, Sha Sha, outro discaço, com sonoridade mais indie e letras mais descontraídas. A partir daí, fui acompanhando sua carreira disco a disco. Veio o terceiro, Ben Kweller, apostando no power pop, um bom álbum, talvez com a produção limpa demais. O quarto lançamento bateu forte por aqui, o country rock Changing Horses chegou na época em que eu conhecia Gram Parsons e o Flying Burrito Brothers e, por isso, suas dez belas canções foram ouvidas incansavelmente por mim. Este ano, foi o lançado seu mais recente álbum, Go Fly a Kite, um apanhado das diversas fases de sua carreira, contendo desde gemas pop como "Gossip", "Free", baladas belíssimas como "I miss you" e faixas com a sonoridade country do disco anterior como "Full Circle" e "You can count on me".

Houve uma certa baixa na expectativa para o show quando soube que o cantor viria só, sem sua banda. Cheguei a achar que a apresentação seria meio 'frouxa' para quem esperou tanto tempo para vê-lo ao vivo, mas felizmente não foi o que aconteceu. Ben Kweller proporcionou um grande espetáculo apenas com seus violões, ora 'puros', ora com distorção nos números mais agitados, o piano e sua voz. Engraçado que, por ter começado muito cedo sua carreira, o compositor é sempre referido como "menino prodígio" ou outros adjetivos juvenis, quando, na verdade, ainda que não pareça, ele já passou dos trinta. E essa maturidade é claramente percebida no palco, por um músico com total domínio do público e do espetáculo.

A primeira música, "Commerce, TX", até dava a impressão que a banda faria falta, mas, na maior parte do show, Ben conseguiu suprir a falta de acompanhamento de forma admirável, apresentando as canções com energia e interpretações vigorosas. O clima no Imperator era o melhor possível, e até o fato de estar vazio - cerca de 500 pessoas - tornou tudo mais especial. Era como ter um artista que admiramos tocando no quintal de casa. O repertório não deixou a desejar, "Walk on Me" veio fazer valer o show logo de cara e seguiu-se um festival de excelentes refrãos e melodias: "Run", "Fight", "Family Tree", "Jealous Girl", "Sawdust Man". Senti falta de "Hospital Bed" e "In other words" - esta, exclusão imperdoável. Mas em compensação fomos surpreendidos com emocionantes versões de "Gypsy Rose", "On her own", "Falling" e "Believer", uma das baladas mais bonitas de todos os tempos e que eu sinceramente não esperava ouvir no show, além do final arrebatador com "Penny on the Train Track".

Como um show inesquecível não se faz só de música, não posso deixar de comentar que tive o prazer de encontrar amigos de longa data e assisti a todo o show com Pedro e Carol, que estiveram comigo no Morrissey, R.E.M. e com quem venho me divertindo cada vez mais a cada show compartilhado. No mais, histórias engraçadas, boas cervejas, polêmicas sobre a firmeza alheia, Marcel ampliado e bigode. Mais? Espero que no próximo, com a banda completa.


Por Ricardo Pereira

Um comentário:

  1. Eu me lembro de ter ouvido um disco dele e não ter gostado, mas após ver o vídeo de "Penny on the Train Track" eu considerei ouvir o disco de tal música. Ele, sozinho no palco, me pareceu incrível.

    ResponderExcluir