No Ao vivo no morro, do Revelação, ao apresentar a canção título de
seu último álbum de estúdio, “Aventureiro”, Xande de Pilares discursa: “Muita
gente diz que essa música é machista. Não é machista, não! Acho que quando a
gente não tá a fim, tem que falar mesmo: ‘não quero mais’. Ser sincero não é
vergonha. Ser aventureiro também não é vergonha. Basta ser um aventureiro
sincero”.
Com sensatez, seu mantra ainda
adverte: “muita calma nessa hora!”. Gostaria mesmo de possuir a calma para
levar melhor esse momento. Acostumou-se a ser deixado na maioria das vezes, e
nem percebia o quanto era fácil fazer-se de vítima, portar-se como um
personagem de uma música do Weezer ou do Sopra. Faz um drama, viu que perdeu e
chora, ainda tinha a desculpa perfeita para chafurdar no cancioneiro brega que
tanto apreciava.
Nunca imaginara o quanto era mais
difícil estar do outro lado. A culpa, o incômodo, a sensação de estar errado
fazendo o que julgava certo. Não é tão fácil ser um ‘aventureiro sincero’
quando a outra pessoa é tão gente boa, preenche os requisitos imaginados para
ser sua verdadeira paixão. Não conseguia deixar de pensar o quanto é pior
magoar do que ser magoado.
Sentia-se impotente perante os desígnios
das trilhas do amor. Havia deixado o amor entrar na sua vida, conseguira viver
o presente, sem se importar com o passado. Sentia o coração radiante, num
daqueles momentos em que o amor parece sem fim. A gente sabe, no auge da paixão,
sentimo-nos capazes de tudo, e nada de pensar em despedida...
... no entanto como entender as
linhas traçadas pelo compasso do amor? As artimanhas de um destino insensato
acabaram o levando a novos tempos. Era preciso realmente muita calma para
conseguir enxergar através das grades do coração, deixar acontecer naturalmente
e entender que as coisas acontecem do jeito que a vida quer.
Os amigos o bombardeavam com todo
tipo de conselho, acusavam-no de medo de amar, pediam que ele baixasse a guarda
de seu coração blindado. Que esquecesse de esquecê-la, pois poderia nunca mais encontrar
a pura essência da paixão.
Talvez, quem sabe? Mas não
adiantava mais ficar se culpando. Se tivesse o poder, faria com que tudo fosse
mais fácil, mas, como não era o caso, ajoelhou tem que rezar: era o momento de
seguir em frente, vestir o manto de sua sinceridade aventureira e errar como
todo mundo, afinal o show tem que continuar e sempre podemos escolher entre a
madrugada fria e a luz do alvorecer.
Por Ricardo Pereira
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