"Às vezes lhe dava vontade de ir para algum lugar, sumir inteiramente dali, e gostaria até de um lugar sombrio, deserto, contanto que ficasse só com os seus pensamentos e que ninguém soubesse onde ele se encontrava. Ou queria ao menos estar em sua casa, no terraço, mas de tal forma que não houvesse ninguém (...); queria deixar-se cair no sofá, mergulhar o rosto no travesseiro e assim ficar deitado um dia, uma noite, mais um dia. Por instantes sonhava também com montanhas, e justamente com um ponto conhecido nas montanhas, do qual sempre gostava de lembrar-se e aonde gostava de ir quando ainda morava lá, e olhar de lá para a aldeia lá embaixo, para a linha branca da cachoeira que se lobrigava lá embaixo, para as nuvens baixas, para o velho castelo abandonado. Oh, como ele gostaria de ir parar lá agora e ficar pensando em uma coisa - oh! só nisso a vida inteira - e isso bastaria para mil anos! E deixasse, deixasse que ali o esquecessem inteiramente. Oh, seria até necessário, até melhor se não o conhecessem absolutamente e que toda aquela visão fosse apenas coisa de um sonho. Demais, não daria no mesmo se fosse sonho ou realidade!"
(Trecho de O Idiota, de Fiódor Dostoiévski)
Por Ricardo Pereira
Ah, Dostoiévki!!
ResponderExcluirSabe tudo, né? Minha releitura d'O Idiota tá uma beleza!
ExcluirBjs
Mais um livro que entrou na lista pra ser lido, hehe.
ResponderExcluirVale muito, Mayra!!
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