"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Brett Anderson/Suede/The Tears

... Porque os dias cinzas sempre remetem às bandas britânicas.



"Love is dead" - Brett Anderson



"We are the pigs" - Suede



"Refugees" - The Tears

Por Hugo Oliveira

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O adeus de um mestre


“Minha gente...”, durante muito tempo, em uma época sem internet ou pay-per-view, acompanhei futebol pelo rádio. A campanha do título brasileiro do Botafogo de 1995, por exemplo, foi vivida em grande parte por mim com o ouvido na “latinha”. E em meio às transmissões da Globo AM, acompanhava com atenção os sempre lúcidos e certeiros julgamentos de Luiz Mendes, “o comentarista da palavra fácil”.

Gostava de sua visão do futebol, de sua linguagem sempre cortês e direta, e de suas opiniões fortes e seguras. Era um prazer quando relembrava histórias das grandes equipes dos anos 60 e 70 do futebol brasileiro, protagonizadas por nomes como Nilton Santos, Didi, Paulo Valentim e aquele a quem prestava a maior reverência: Mané Garrincha.

Toda partida era o mesmo ritual, não desligava o radinho antes de ouvir o veredicto final de Luiz Mendes. E hoje, no instante em que meu pai me deu a notícia do falecimento de Mendes aos 87 anos, pude ouvir na hora sua voz marcante em minha mente, carregada, no momento, de um tom nostálgico. Penso que devo muito da paixão que tenho por futebol e pelo Botafogo a esse brilhante radialista.

Aliás, é dele uma das frases de que mais gosto sobre o alvinegro carioca: “A estrela do Botafogo é assim mesmo: brilha mais no escuro”, proferida logo após o Botafogo cair para a segunda divisão em 2002.

Sei que a notícia da partida de Luiz Mendes mexeu comigo e escrevo este texto entre agradecido e melancólico, imaginando quão bonito será seu encontro com outro mestre alvinegro que se foi a pouco, Armando Nogueira. Que ambos estejam em paz, iluminados e servindo de fonte de luz para a Estrela Solitária e imortal que guiou seus respectivos caminhos nesta existência e que conduz o meu e tantos outros corações que pulsam em preto e branco pela vida afora. 


Por Ricardo Pereira

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Três peças - parte 1

Vem rolando desde 14 de outubro, na Praia do Anil, em Angra dos Reis, Rio de Janeiro, a 8ª edição da Festa Internacional de Teatro de Angra, a Fita. Confesso que não consegui assistir a todas as peças que gostaria, mas o que deu para conferir não decepcionou. Um pouquinho sobre os espetáculos assistidos segue logo abaixo. Hoje tem mais, e a ideia é tentar intensificar a minha presença no evento nesta semana, que é a última.

"Flor de Mandacaru" - Acredito que quem faz teatro infantil bem consegue atuar em qualquer tipo de peça... E o pessoal da "Flor de Mandacaru" está aí para comprovar. Com texto de Jônea França e direção de Lu Gatelli, que também participa do elenco ao lado de Fernando Lopes, Diego Marques e Bruno Macedo, o espetáculo é divertido e lúdico na medida certa, sem arestas a serem aparadas. A história de dois malandros que planejam roubar a valiosa flor de mandacaru de um vilarejo devastado pela seca, às margens do Rio São Francisco, conquista até os espectadores com o coração mais gelado. Interpretações, canções, cenário, dicção, emoção... Tudo em seu devido lugar, prontinho para emocionar crianças e adultos. Nota 8.

Flor de Mandacaru


"Música para cortar os pulsos" - Fica difícil não simpatizar com uma peça onde, ao chegar, você se depara com um trecho de uma das mais belas canções pop em cima do seu assento - neste caso, "There is a light that never goes out", dos Smiths. O espetáculo - texto e direção de Rafael Gomes -, sobre desencontros amorosos que acabam se entrelaçando, trata o tema de forma criativa e pop, onde as canções têm total importância. E que músicas! "God only Knows" - Beach Boys -, "Boys don't cry" - The Cure - e "As canções que você fez pra mim" - Roberto Carlos -, entre outras, fazem a alegrias dos fanáticos por música pop, enquanto o "bizarre love triangle" formado pelos atores Fábio Lucindo, Mayara Constantino e Victor Mendes vai apresentando suas dores, opiniões e sentimentos ao público, num cenário tão simples quanto certeiro. Nota 8.

Música para cortar os pulsos


"Segredos" - A ideia de um espetáculo "work in progress" onde as histórias são criadas na hora, através de dados fornecidos pela plateia, é no mínimo interessante. E foi desse jeito que a peça chegou aos palcos da Fita, com o público depositando anonimamente seus segredos numa urna fornecida pelos atores, antes da apresentação. Na teoria, muito legal, mas na prática... Falhou. Quadros confusos, discrepância entre a atuação dos oito atores e um entrelaçamento de cenas que quase não funcionou deixaram uma dúvida no ar dos mais desconfiados: improvisar é arte ou enganação? Prefiro pensar que o andamento de "Segredos" não foi bom em Angra dos Reis. Nota 4.5.

Segredos

Por Hugo Oliveira

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Radiohead vs Dave Brubeck

Eis que desistindo de lutar contra a insônia, acho essa maravilha aqui:



Por Ricardo Pereira

sábado, 22 de outubro de 2011

Só mais um pouquinho...


Cebola cortada / Noturno

Que show!

Por Ricardo Pereira

Show do ano?

Esse fim-de-semana tá rolando em SP show do Fagner com Cidadão Instigado, olha só o nível:

                                                                Frenesi


                                                          Cavalo Ferro


                                                              Cartaz

Alguém TEM que trazer esse show pro Rio!


Por Ricardo Pereira

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

The Smashing Pumpkins deluxe

Há quem ache o Smashing Pumpkins chato, o Billy Corgan um mala, a voz dele ruim, as letras depressivas, a banda mais egocêntrica do mundo e por aí vai... Mas a verdade é que é uma das mais importantes bandas de rock n' roll dos anos 90 e Corgan um compositor genial. Eles estão relançando, a partir de agora, toda a discografia remasterizada, com cds de músicas inéditas e versões ao vivo, uma tentação pra quem é fã, dá uma olhada:

Gish, o primeiro.
Esse ano saem os dois primeiros, ano que vem o maravilhoso Mellon Collie and the Infinite Sadness e as coletâneas de lados b Pisces Iscariot e Aeroplane Flies High, e em 2013 o Adore e os Machina. Entre meus 18 e 25 anos foi das bandas que mais ouvi. Acompanhava cada lançamento com ansiedade, sentia como se as letras de algumas daquelas canções falassem de mim às vezes. Já não ouço mais com tanta frequência mas sempre que o faço, a emoção é a mesma. Achei que não ligaria tanto pra esses relançamentos, mas depois de ver como vão ser, só me resta pedir ao santo protetor do cartão de crédito que me faça ter paciência pra esperar mais um pouquinho para importar os meus!

Siamese Dream, clássico.

Por Ricardo Pereira

terça-feira, 18 de outubro de 2011

E se nada mais der certo...



Por Ricardo Pereira

De Turim a Acapulco

Dando continuidade à lista do Hugo, esta que pra mim é a melhor música da Terminal Guadalupe e uma das baladas mais bonitas do rock nacional.



Hoje você vai se cansar de mim
Eu sou o acidente em frente ao portão
No instante que prendeu a sua respiração
E os dias que Nietzsche passou em Turim

Hoje você vai se arrepender
Por tudo o que ficou no retrovisor
Se ainda havia dúvida do meu amor
Nem sempre fez sentido o que eu quis dizer

Quero fugir pra Acapulco e me afundar nas ilusões
Enrolado em trapos que foram cortinas brancas
O despudor só revelou minhas piores intenções
Elas sempre se escondem nas conversas francas

Lá se vai o tempo que eu fiz
Fui refém das minhas circunstâncias tolas
Você tentou ser feliz
Eu, também - e as lembranças são escolhas...

Hoje você vai se cansar de mim
Hoje você vai se arrepender
Dos dias que Nietzche passou em Turim
Nem sempre fez sentido o que eu quis dizer


Por Ricardo Pereira

Rock nacional e uma boa tarde

Pequenas pérolas de pequenas bandas do Brasil - algumas, inclusive, não existem mais. Confira sem medo.


"Pernambuco chorou", Terminal Guadalupe - Clipe lindão e sonoridade modernosa, mas sem perder a "paudurescência".


"Novos adultos", Walverdes - Li o seguinte comentário no Youtube. "Praticamente um hino". E é isso mesmo. Que letra simples e foda. Que guitarras pesadas! Novos adultos, pessoas velhas...


"Descontrolada", Sabonetes (ao vivo) - Praticamente um Franz Ferdinand verde e amarelo.


"Dê uma chance pro amor", Relespública - Mod + Jovem Guarda + power trio na medida.


"Fala comigo, Barnabé!", Charme Chulo - É a "nova onda caipira"... Com direito a viola e tudo mais.

Por Hugo Oliveira

Sobre Renato ou Ricardo?

Lembrei dos 15 anos da morte do cantor Renato Russo, vocalista da Legião Urbana, por causa de duas coisas. Primeiro, li um ótimo texto sobre o assunto, do jornalista Ismael Machado, no site Scream & Yell - http://screamyell.com.br/; segundo, encontrei o disco de estreia do grupo sendo vendido nas bancas de minha cidade por R$ 9,90, como parte de uma coleção que vai englobar toda a discografia do conjunto, em 15 fascículos.

Não sou um grande conhecedor da banda, confesso. Também não faço parte do time de fãs de primeira hora. Mas é aquilo: negar o impacto da Legião não apenas no cenário pop/rock nacional, mas na MPB, é um baita equívoco... Ou ranço de jornalista/crítico metido a besta.

Beleza: não é fácil aguentar fãs xiitas que acreditam que TUDO o que Russo - e sua turma - gravou é divino e maravilhoso; outro motivo que leva muitos ao afastamento total quanto à obra do conjunto brasiliense tem a ver com a postura messiânica, mesmo que não intencional, do vocalista. Quer saber? Esqueça os admiradores babacas e/ou os detratores superficiais. O que importa são as canções do grupo. Essas, meu amigo/amiga, em muitos casos são atemporais, arrasadoras, clássicas. Coisa da melhor banda de rock que o Brasil já teve notícia - Mutantes, Titãs, Raimundos e Los Hermanos que me desculpem.

Minhas primeiras lembranças relacionadas ao quarteto - além de Renato, do guitarrista Dado Villa-Lobos e do baterista Marcelo Bonfá, a formação ainda incluia o baixista Renato Rocha, que saiu do grupo antes do lançamento de "As quatro estações" -  datam de 1989, quando, depois de um período morando na casa de minha avó, voltei à residência onde havia nascido, que passara por uma reforma. Lá, reencontrei meus amigos de infância e descobri que eles gostavam muito de música. De rock, principalmente. E tome Titãs, Plebe Rude, Capital Inicial, Paralamas e, é claro, Legião. Por causa da influência deles na minha vida, naqueles primeiros anos, comprei uma coletânea em fita cassete - pirata - que juntava os grandes nomes nacionais da época. O conjunto de Brasília participava com "Tempo perdido", na minha opinião, a melhor faixa do disco. Guitarrinhas limpas, inofensivas; cozinha "feijão com arroz do bom"; a voz e as letras de Russo, marcantes, especiais. Para cantar junto e voltar a fita, várias vezes.

Outro momento. O ano era 1996. Meu círculo de amizades já havia aumentado consideravelmente, assim como o amor pela música. Montei uma bandinha com outros três companheiros, no final do ano, para um festival que aconteceria no começo de 97. Repertório? Duas músicas próprias e uma cacetada de covers. Entre as canções de outras bandas escolhidas para figurar no set list, duas da Legião, "Natália" e "Dezesseis", do álbum "A tempestade" - disco que, aliás, conheci por meio de outro grande amigo, Ricardo Pereira, que escreve comigo neste blog.

Ricardo, esse sim, é o cara certo para falar sobre a banda. Conhece cada canção gravada pelo conjunto, cada entrevista dada por Russo e seus companheiros. Há algum tempo, vi uma foto de Ricardo, bem novinho, numa reunião de família. Os primos lá, se divertindo com vários brinquedos, e ele sentado, usando uma camisa da Legião. Demais.

Aliás, a Legião Urbana foi a banda que selou a nossa amizade. Escutei o disco "A tempestade" por causa dele, que subiu as "montanhas" do Morro do Carmo para oferecer uma audição relacionada ao disco. Foi a primeira vez que trocamos uma ideia melhor sobre música etc. Viramos amigos. Para o resto da vida.

Eu poderia descrever várias histórias, envolvendo inúmeras canções do grupo. Também tenho bala na agulha para escrever um "tijolão" a respeito desse cara que vem dividindo alegrias e tristezas comigo, ao longo de nossa - curta - existência.

Mas eu não quero me alongar.

"(...) Sou eu mesmo e serei eu mesmo então/E não há nada de errado comigo, não/
Não, não, não/Não preciso de modelos, não preciso de heróis".

Eu tenho meus amigos.


Valeu, Renato; valeu, Ricardo


Por Hugo Oliveira

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Feliz aniversário, Loco!


Hoje é um dia especial: aniversário de Sebastian ‘Loco’ Abreu. Não vou ficar me repetindo, já falei da importância dele nesse texto aqui. Mas não posso deixar de expressar meu agradecimento e desejar que Deus o mantenha com saúde, lucidez e a personalidade que faz com este uruguaio continue dando tanto orgulho e felicidade à torcida botafoguense que tanto o admira.


Por Ricardo Pereira

sábado, 15 de outubro de 2011

O encontro e o confronto

Algumas coisas nos fazem ter exata noção do tamanho de nossa insignificância. Comigo já aconteceu por diversos motivos, como ao ler a biografia do mestre João Saldanha e ver o quanto/e como ele fez nesse mundo e pensar em como sou vazio, por exemplo; ou mesmo ao presenciar momentos de solidariedade e me questionar se eu seria capaz de algo próximo ao menos.

E acabo de passar por um desses momentos, pois assisti ao documentário Três irmãos de sangue, filme sobre os irmãos Henfil, Betinho e Chico Mário, três sujeitos fantásticos, talentosos e sensíveis, que nasceram hemofílicos e terminaram vítimas da AIDS. O filme percorre a biografia dos três, abordando sua importância artística e social, e além de reafirmar o quanto foram produtivos em suas respectivas áreas de atuação, é um filme político – como não poderia deixar de ser –, equilibrando emoção e razão para tratar de liberdade, justiça, solidariedade e amor ao Brasil e às pessoas.

E entre tanto a se refletir, acabei em mais um incômodo reconhecimento de meu egoísmo. Já no começo do filme, Betinho aparece levantando a bandeira da “ação”, falando sobre a importância das pessoas serem menos teóricas e agirem mais, e foi impossível não pensar no quanto, hoje, ando o extremo oposto disso aí, vivendo fechado não só no meu apartamento, mas cada vez mais dentro de mim. E mesmo em reflexões sobre a beleza e a necessidade de se aproveitar cada momento da vida, acabei me vendo ao contrário.

Até porque é natural que eu me questione de que maneira vim parar em como me encontro atualmente. Há muito venho vasculhando como venho levando minha vida de forma egocêntrica e as consequências disso. Até quando penso em meus relacionamentos amorosos ‘de verdade’, vejo o quanto agi de forma egoísta e o quanto isso na verdade pode ter sido a causa dos rompimentos – “todo amor que eu amei, no fundo eu dediquei a mim e a mais ninguém”, sabe?

E, sem precisar pensar muito, fica claro o quanto essa característica é na verdade a gênese de minha solidão atual, o que me fez chegar ao ponto de não conseguir me aproximar mais das pessoas – e não é só de relacionamentos amorosos que falo aqui – e nem deixar que se aproximem. Há uma passagem bem emocionante no filme que mostra uma fita que Betinho gravou para a mãe quando estava no exílio, mandando notícias e tranquilizando-a de que estava vivo. E ao falar do irmão Chico Mário, diz que ele está um músico e cantor cada vez melhor, mas deveria melhorar como letrista. Em sua concepção isso acontecia porque o irmão vivia a vida como quem estava a assistindo...

Recomendo a todos que procurem o filme, não há como não se sentir mexido com pelo menos algum dos aspectos abordados neste bonito documentário. A vida desses três brasileiros tem muito a acrescentar e pode servir de reflexão sobre como andamos levando nossa vida. Mesmo que às vezes sejamos levados a uma espécie de autoanálise rasteira e, errr, egocêntrica como esta que acabo de cometer.

Chico, Henfil e Betinho

Este texto é dedicado à Ingrid, grande amiga tão querida – e botafoguense! – que me indicou o filme há anos atrás e com quem, se não estivéssemos distantes espacialmente, certamente desenvolveria melhor os temas abordados aqui, em uma de nossas intermináveis conversas.  

Por Ricardo Pereira

Pedaço de mim

Ando assistindo a muitos filmes, mas poucos me instigam a comentar por aqui. A árvore da vida, do diretor Terrence Malick, por exemplo, foi-me recomendado por muita gente, apontado como obra-prima, filme pra mudar vida, resenhas exageradas e superlativas. Fui assistir e não vi isso tudo. Há beleza ali, visualmente falando é lindo, mas o excesso de pretensão e aquele conhecido desejo de “ser difícil” não deixam o filme desenvolver o quanto pode.

Filme que mexeu de verdade comigo foi Dear Zachary: a Letter to a Son About His Father, documentário de 2008 de Kurt Kuenne. Fiquei sabendo de sua existência através de um post no blog do André Barcinski sobre seus documentários preferidos. O melhor amigo do diretor fora assassinado e Kuenne resolveu fazer um filme para que, através dele, o filho de seu amigo, ainda por nascer, soubesse quem foi seu pai, servindo-se da visão de pessoas queridas.

Achei fantástica a ideia, com um potencial emocional enorme. Mas nunca poderia estar preparado para o que o filme retrata, não obstante a recomendação de Barcinski do filme ser “uma das experiências mais arrasadoras do cinema nos últimos anos.” Isso porque novos fatos vão acontecendo à medida que o filme vai sendo feito e estes fatos (que omito aqui por respeito a quem se interessar em assistir, pois sabê-los diminuiria drasticamente o impacto do documentário) transformam o filme totalmente do que era para ser uma linda – ainda que triste – declaração de amor, em um relato amargo e angustiante sobre a vida, e do quanto a mesma pode ser tão ou mais sombria do que os retratos que a ficção nos oferece. O filme mais triste a que assisti até hoje.

 “Isso é somente uma canção, a vida realmente é diferente. Quer dizer… a vida é muito pior!”

Por Ricardo Pereira

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Cinco discos

Há meses tenho textos abortados sobre algumas obras que marcaram presença por aqui este ano. Como dificilmente vou terminá-los, que fiquem ao menos as indicações.

Dois discos de 2010 que pouco ouvi o ano passado cresceram bastante após audição mais atenta. O primeiro, High Violet, do The National é um álbum denso, angustiado, fechado, extraordinário. Não é um disco pra ouvir com atenção dividida, é pra se apreciar com calma, sorvendo cada palavra das boas letras e os timbres marcantes que a banda imprime às canções. O outro, The Sea, da Corinne Bailey Rae, é delicado, mais triste e reflexivo do que eu esperava de um álbum da cantora, que eu só conhecia através do hit "Put Your Records On", de seu álbum anterior.

Lançados este ano, há três álbuns que ouço frequentemente desde o lançamento. Suck it and see, do Arctic Monkeys é um dos grandes discos do ano. O mais coeso da carreira da banda, com ênfase nas bonitas melodias, faz o Alex Turner se aproximar mais do compositor sensível e pretensioso do Last Shadow Puppets do que do hitmaker nervoso de Whatever People Say I Am, That's What I'm Not.  Parte dos fãs mais radicais rejeitou, não acompanhando o amadurecimento e crescimento da banda. “Piledriver Waltz” é uma beleza de canção!

Um labirinto em cada pé chegou com a responsabilidade de suceder No chão sem o chão, um dos melhores trabalhos da música brasileira recente, do cantor Romulo Fróes. E o que era excesso e experimentação no álbum duplo de 2009, agora aparece mais bem formatado em um álbum viciante em que as guitarras peculiares de Guilherme Held casam-se perfeitamente ao cavaquinho de Rodrigo Campos. E as instigantes canções de Romulo consolidam também o trabalho de Clima e Nuno Ramos como dois dos letristas mais interessantes da MPB atual. Baixe aqui.

E Que isso fique entre nós, do Pélico, é o tipo de álbum que não tenho como não gostar. Canções pop influenciadas pela jovem guarda, tanto nas músicas, quanto nas letras carregadas de sentimentalismo, fazendo-se breguinhas na medida certa. São vários os destaques, “Levarei”, “Não éramos tão assim”, mas “Sete minutos de solidão” é provavelmente a grande música pop do ano até agora.

"Sabe quem sou / Sabe o que é / Um labirinto em cada pé"
 Por Ricardo Pereira

Estrela da vida inteira


O Botafogo de Futebol e Regatas, clube glorioso da Estrela Solitária, de Nilton Santos, Vinicius de Moraes, Fernando Sabino, Garrincha, Túlio(s), Armando Nogueira, João Saldanha, Wagner, Jefferson, Sandro Moreira, Luis Fernando Veríssimo, Didi, Gerson, Gottardo, Sandro, Antonio Candido, Glauber Rocha, Jairzinho, Luiz Mendes, Paulo Mendes Campos, Roberto Porto, Dapieve, Otto Lara Resende, Augusto Frederico Schmidt, Arnaldo Bloch, Marisa Monte, Beth Carvalho, Zeca Pagodinho, Paulo Cesar, Sérgio Manoel, Clarice Lispector, Olavo Bilac, João Moreira Salles, Renato, Alessandro (sim, senhores), Ivan Lessa, Heleno de Freitas, Quarentinha, Loco Abreu, o Botafogo, hoje, mais do que nunca, não é apenas um time disputando um campeonato, não é mais um clube de futebol, o Botafogo hoje, meus amigos, o Botafogo sou Eu.

Something in my veins bloodier than blood
 Por Ricardo Pereira

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

'Bonanza' + Kill Bill



Olho para frente não sei bem por quê
Prossigo nesse longo caminhar
Ando mais um pouco
Penso em todo meu desgosto
Se um dia essa mágoa irá passar

Olho para trás, tento compreender
As causas da minha perdição
Sigo adiante
Penso em todas as amantes
Que dediquei-me pra afastar

Me mostre a conclusão
Ou traga-me algo pra animar
Meu pobre coração
Que nega-se a pulsar

Olho para frente não sei bem por quê
Avanço na mesma direção
Rumo ao castigo
Penso em todos os inimigos
Que me esforcei pra conquistar

Olho para os lados e percebo que
Não tenho alguém pra me esquecer
Ando mais um pouco
Penso em quando era garoto
E havia tantos sonhos pra sonhar

Me mostre a conclusão
Escreve esse final
Me mostre a direção
Me dê algum sinal
Pois tem que haver
Tem que haver
Alguma redenção
Meu pobre coração
Que nega-se a pulsar

(Gabriel Marques - Moptop)

Por Ricardo Pereira

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Só de maré

Nunca imaginou que o mundo seria fácil. De Riobaldo a Raskólnikov, Holden Caulfield a Baltasar, o recado foi entregue das mais diversas maneiras. Ainda assim, a vivência da solidão extrapolava o que até então era mera fantasia. Mais do que em qualquer outra época, questionar os porquês de seguir em frente agora flertava sedutora e perigosamente com o desespero.

Havia seus pais. Tantos planos, tantos cuidados, acompanharam nascimento, ensinaram a andar, falar, viram crescer... Não, não podia deixar que eles passassem pela dor mais dilacerante, aquela que nem o tempo pode amenizar, que é a ausência de um filho. Ainda assim, como prosseguir? A espera por novos trabalhos de seus escritores, cineastas, músicos preferidos era um alento para sua existência bolorenta, mas já não bastava como outrora.

Possuía amigos de cuja fidelidade e carinho não se podia duvidar. Todos de personalidade mais fácil e que, por isso, conseguiram, de uma forma ou de outra, formar laços pessoais ou profissionais que tornavam a vida aparentemente mais aceitável. Pessoas que se preocupavam e seriam capazes de sacrificar a si próprios, se necessário fosse, por sua felicidade, para que voltasse a crer na vida.

Voltar? E será que um dia este inepto rapaz, se é que ainda podemos o chamar assim, pelo adiantado de sua idade, alimentou algum objetivo maior? Ou viveu pedaço de plástico boiando em água serena, esperando que a maré, o vento ou outro evento fosse responsável por sua mobilidade? Até se encontrar como neste momento, em um período de anti-ressaca vazante, fiapo ensebado preso frágil e vacilante na umidade porosa da primeira faixa de areia.

E de que forma fazer-se o seu próprio período de cheia? Se ao seu redor, pessoas vazias e fúteis o tornam cada vez menos homem, mais espuma, fechado em um território tão seu, cada vez mais solitário e arredio. Um espaço inóspito, pouco atraente a novos visitantes, onde apenas frequentadores de longa data se atrevem a caminhar em meio ao desnível de um solo irregular e escorregadio. Labirinto de esquinas intermináveis levando a becos e travessas sem saída ou solução, cujo único guia possível é um vento quente, torto, sem tino ou direção.


Por Ricardo Pereira

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Bom almoço com o Travis

Tem umas músicas bem boas essa bandinha!



"Sing"


"Why does it always rain on me?"


"Side"


Por Hugo Oliveira