Errei uma vez, não por (não)
enxergar o breu como a cegueira patológica, ou a cegueira branca saramaguiana:
a cegueira vermelha da paixão. Errei e paguei por meus erros, paguei de repente
mais até do que merecia, no entanto menos do que poderia ter me custado. Não há,
pois, muito a reclamar.
Não sou adepto de auto-piedade,
penso que a gratidão deve vir antes da mágoa (quando possível – depois de um
tempo é quase sempre possível) e
reconheço perfeitamente as relações de causa e consequência em cada ato pensado
ou impensado que escolhemos. Ainda assim, tantas vezes insistimos em estradas
parecidas, torcendo para que desemboquem em paragens mais amenas. E, como num
labirinto, deparamos com cenário semelhante (o mesmo? não! “mas não estava claro
que assim seria?” – argumenta a consciência, nessas horas agindo com a
inutilidade de um comentarista de arbitragem.) nunca é claro. no fim, é tudo
sempre igual, quase sempre quando se insiste em acreditar em flores rompendo o
asfalto fora da poesia.
“Na prática..." (fecham-se as
cortinas, garganta seca em mim. no público? agora quem é quem?
Um estalo - o joelho que arrebenta para evitar (adiar que seja) caminho vacilante rumo a novo erro.
"the same old rain?
Lê-se muito sobre o amor, fala-se
muito, assiste-se a filmes com diferentes abordagens e, no fundo, entende-se
porra nenhuma.
“passará depois em cada despedida
nos romances e mistérios dessa
clareira que há de nos iluminar”
Para trazer um pouco de coerência
a este confuso desabafo dominical, mais uma beleza do primeiro Guilherme
Arantes, que ando ouvindo sem parar:
Que a próxima cegueira seja como a de Borges, não a real,
Por Ricardo Pereira
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