Uma amiga postou no Facebook o clipe da música nova do cantor e compositor canadense Rufus Wainwright, "Out Of The Game", incluída no álbum de mesmo nome, a ser lançado neste mês no Reino Unido e no Canadá - nos Estados Unidos, o disco chega às lojas em maio, e no Brasil... Mistério.
A música é bonita; o vídeo, engraçadinho. Mas, ao menos por enquanto, nada de novo no front. E isso é bom e ruim, ao mesmo tempo.
Rufus Wainwright transpira talento, bom gosto e afetação. Lançou seu primeiro disco em 1998, mostrando que não estava de brincadeira. Músicas como "Foolish Love", "April Fools", "In My Arms" e "Millbrook" ofereciam um rara mistura entre erudição musical e, em certo sentido, talento Pop, com P maiúsculo mesmo, para diferenciar o cantor das "popices" exclusivamente descartáveis, tão em voga nestes tempos.
Seguiram-se discos igualmente inspirados - "Poses", de 2001, e "Want One", de 2003 -, participações especiais em álbuns de gente como Antony and the Johnsons - na arrepiante e doloridíssima "What Can I Do" - e Pet Shop Boys, e até uma visita ao Brasil, em maio de 2008, para shows em São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Rio de Janeiro. Nunca me esquecerei de um comentário que li na internet, sobre a apresentação em solo carioca. "Parece que até a respiração dele é afinada", disse um internauta atencioso.
Agora, depois de um punhado álbuns e músicas memoráveis, Rufus resolveu gravar um disco com o produtor musical mais importante da atualidade, Mark Ronson, que já colocou as mãos em canções de gente como Lily Allen, Robbie Williams, Adele e Amy Winehouse. Parece o casamento perfeito, já que Ronson é conhecido justamente por não mudar de forma radical a sonoridade de determinado artista, mas sim, de explorar o melhor dela, injetando tendências e modernidades na medida certa, com parcimônia.
Rufus Wainwright merece o sucesso mundial. Grana, reconhecimento e qualquer bofe que lhe apeteça. Certo: é bem provável que ele já tenha tudo isso. Mesmo assim, sua música continua clamando por uma espécie de tradução, ainda que parcial, ao público menos afeito a sutilezas e erudições... E isso não quer dizer diluir canções em fórmulas fáceis ou fazer o joguinho "sou uma puta da indústria musical". Na verdade, Mark Ronson pode ser a resposta para essa leitura mais contemporânea. E eu torço por isso.
É muito cedo para falar que "Out Of The Game" vai representar um divisor de plumas na carreira artística de Rufus. De qualquer forma, esperava que uma faixa mais poderosa fizesse o papel de cartão de visitas do álbum.
Arrisco dizer que Rufus e Ronson perderam um importante round do combate. Mas ainda faltam outros onze.
Estou na torcida.
Por Hugo Oliveira
Faltam 11. A esperança é essa.
ResponderExcluirOpa! Obrigado, mano!
ResponderExcluirEu nem ao menos o conhecia. Vou ouvir esse disco.
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