Fazer listas de
melhores do ano tem sido complicado. Primeiro, pela dificuldade de ranquear os
discos preferidos, o que separa um segundo de um terceiro lugar? Depois porque,
por mais que se ouça novidades durante o ano, muitos só batem depois de um
tempo, e outros só descubro mesmo bem depois de lançados. Por isso, acontecem
absurdos como o High Violet, do The National não ter aparecido na minha lista
de 2010 ou, na lista do ano retrasado, o Gentle Spirit, do Jonathan Wilson
estar ausente, sendo um dos discos que mais ouvi em 2012. Mas como, mesmo
sabendo dos riscos, não passo sem minhas listas. Vamos, então, a elas:
01 Lonerism - Tame
Impala
John Lennon não
morreu! Cansado de tudo - família, fama, ser um ex-beatle -, forjou sua morte e
mudou-se para a Austrália. Exatos trinta anos após seu último álbum, resolveu
entrar em estúdio, assumiu a persona de Kevin Parker e lançou o bom
Innerspeaker. Não satisfeito, em 2012, veio com este Lonerism, um disco
irretocável, falando de solidão e inadequação em meio a sons espaciais, belas
guitarras e sintetizadores, sem procurar disfarçar sem timbre de voz
característico. Roll on, John, leve em frente seu Tame Impala e continue nos
brindando com suas inesquecíveis canções, já estava com saudades.
02 Quinto - António
Zambujo
O cantor português
aprimora o que vem construindo desde Outro Sentido, sua mistura do fado
tradicional com música brasileira e ritmos africanos, e lança seu melhor
trabalho até agora. Há a divertida "Flagrante", levada pelo cavaquinho
de Jon Luz; a blueseira "Não vale mais um dia", destacanso-se a
guitarra de Mário Delgado; e a belíssima Fortuna, canção de Márcio Faraco.
Mas o grande destaque do álbum, além das sempre excelentes interpretações de
Zambujo, é o jovem compositor Pedro da Silva Martins, do grupo Deolinda, autor
das duas melhores canções do disco: "Algo estranho acontece", sobre o
amor na passagem do tempo e "Queria conhecer-te um dia", sobre a
busca pela amada, inclusive por meios virtuais.
03 Tempest - Bob
Dylan
Dylan confirma sua
ótima fase em mais um grande álbum. Com a sonoridade calcada no blues e sua voz
detonada, Dylan emociona em canções como "TIn Angel", a vingativa
"Pay in Blood", a triste "Long and Wasted Years" e "Soon
after midnight", em grande interpretação. Há ainda uma homenagem a John
Lennon na saideira, em que Bob mistura trechos de canções do beatle para falar
de sua vida e da falta que ele faz.
04 What Kind of World - Brendan Benson
O que já era bom em
My old familiar friend, está ainda melhor em What Kind of World. É
impressionante o talento de Brendan Benson para compor boas canções pop-rock,
soando ora George, ora Paul, muitas vezes Alex Chilton. É só ouvir a provável
balada mais bonita do ano, "Bad for me", o fantástico refrão de
"Light of Day", a soturna "Pretty Baby", a emocionante
"No one else but you" ou a county-rock "On the fence" para
atestar Benson como um dos grandes compositores pop da atualidade.
05 Blunderbuss - Jack
White
Em seu primeiro álbum
solo, Jack White mostra os porquês de ser considerado um dos grandes nomes do
rock atual. Com a sonoridade partindo dos anos 70, em canções tendo por base
violões e piano, mas sem deixar de lado seus solos de guitarra característicos,
White escreve canções sobre frustrações e ressentimentos amorosos em números
simples e contagiantes como "Hip (Eponymous) Poor Boy", "I'm
Shakin'" e números mais sombrios
como "Hypocrytical Kiss", e minhas
duas preferidas, "Weep Themselves to Sleep" e "Take Me With You
When You Go".
06 Little Broken
Hearts - Norah Jones
Sem nunca se
acomodar, mesmo com o estrondoso sucesso de sua estreia, Norah Jones segue
surpreendendo e encantando disco a disco. Little Broken Hearts, como o nome
denuncia, trata de desilusões amorosas e é o disco mais sombrio e melancólico
da cantora. Responsabilidade, em parte, da produção de Danger Mouse, que com
batidas secas, ecos e muita sutileza cria o clima perfeito para os lamentos de
Norah que se equilibra em um espécie de pop soturno como na bela trinca de
encerramento, "Happy Pills",
"Mirian" e "All a Dream".
07 Go Fly a Kite - Ben Kweller
Após o extraordinário
Changing Horses, Ben Kweller mesclou em seu último álbum um pouco do country
rock do anterior com o power pop que lhe é característico. Como declarou um
amigo de infância na saída do show recente do cantor no Rio, "é o rei da
melodia". Não é difícil concordar ao escutarmos canções como "Jealous
Girl", "Gossip", a weezeriana "Time will save the day"
ou "Full Circle".
08 Ultraísta –
Ultraísta
Banda do sexto
Radiohead, o produtor Nigel Godrich, o Ultraísta estreia em disco com um
trabalho herdeiro direto do lado experimental de seus pupilos. No entanto,
consegue soar mais pop, como em “Our Song”, “Smalltalk” e “Easier”. Com
produção caprichada – como não poderia deixar de ser – e faixas viciantes, o
álbum fica entre o In Rainbows e o The Eraser e supre, de certa forma, a
ausência de um lançamento do Radiohead em 2012.
09 Home Again –
Michael Kiwanuka
Outra grande estreia
do ano, este Home Again transita entre o soul e o folk, com arranjos
belíssimos, sendo emocionante sem cair na armadilha fácil dos exageros. Tudo soa simples, mas, com ouvido mais atento,
é possível encontrar canções de grande sofisticação.
10 Oceania – The Smashing
Pumpkins
E Billy Corgan,
talvez inspirado pelo relançamento de seus clássicos, retornou inspirado em
Oceania. Há desde bons rocks, como os que abrem o disco ( “Panopticon” e “Quasar”),
a momentos mais melancólicos como “Pale Horse” e “Pinwheels” e, se não se comparam às criações
dos anos 90, as novas canções formam um disco coeso e são o que de melhor
Corgan produz desde o Machina.
Poderiam estar na lista:
Psychedelic Pill - Neil Young & Crazy Horse
Until the quiet comes - Flying Lotus
The Idler Wheel Is Wiser Than the Driver of the Screw and Whipping Cords Will Serve You More Than Ropes Will Ever Do - Fiona Apple
The Sound of the Life of the Mind - Ben Folds Five
Long Distance - Holly Golightly & The Brokeoffs
I know what love isn't - Jens Lekman
I know what love isn't - Jens Lekman
Por Ricardo Pereira
Ricardo, um dia desses eu falei que queria te mostrar alguma coisa mas não lembrava o que era. Lembrei, era isso.. http://www.youtube.com/watch?v=QCACUZly3DM&list=PLa5B9L1XPRnHnF4dAV_V80slQ6ziCgUUK&index=10
ResponderExcluirUm entrevista do Saramago no Roda Viva. Depois me conta o que achou. Beijo, Camila
Oi, Camila! Obrigado, vou ver e depois te falo!
ResponderExcluirBeijo
O Michael Kwanuka é discaço! Mas uma vez, obrigado por me apresentar mais um discaço! To curioso pra ouvir o Ben Kweler!
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