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sexta-feira, 1 de junho de 2012

"Everybody Dies" - avaliando o fim de House



Mês passado, após oito temporadas, House chegou ao fim. Foi uma série que acompanhei do começo ao fim com grande interesse. Não tem a ‘mágica’ ou emociona como Lost; está longe de ter o 100% de aproveitamento de Sopranos, muito menos o peso nostálgico de Wonder Years, mas tem em seu protagonista um personagem interessantíssimo, complexo e que virou ícone mundial.

Eu, que nunca suportei séries ‘de hospital’ como ER, por exemplo, fiquei aficionado por House. Isso se deu não pelos casos médicos apresentados a cada episódio e sim pela arrogância, cinismo, egoísmo, sarcasmo e misantropia do genial especialista em diagnósticos Gregory House, interpretado magistralmente por Hugh Laurie.

Curioso que com uma visão tão pesada e negativa da vida, o doutor House tenha alcançado tanta popularidade. Muito se deve ao caráter investigativo da série e ao aprofundamento humano que vai ocorrendo no decorrer das temporadas. Ainda que um ou outro caso médico tenha me interessado, o que me manteve preso por tanto tempo à série foi a relação entre o problemático protagonista e seu melhor (único) amigo, James Wilson (Robert Sean Leonard), a diretora do hospital, Cuddy (Lisa Edelstein) e os membros de sua equipe: Foreman (Omar Epps), Chase (Jesse Spencer), “Thirteen” (Olivia Wilde), Taub (Peter Jacobson), Cameron (Jeniffer Morrison), entre outros. Todos com seus problemas pessoais e tendo que lidar com as excentricidades e armadilhas de Gregory House.

Pessoalmente, durante um tempo, a série pode ter me feito mal. Deixei-me influenciar demais pelo negativismo e pela postura de House e passei a me comportar muitas vezes com uma arrogância e desprezo pelas regras exagerados, com o botão de ‘foda-se’ ligado por mais tempo do que deveria. Ao menos, é o que pensam alguns amigos.

Verdade que a série deveria ter durado menos, alongou-se demais em uma fórmula que acabou se desgastando. O fino do programa está nas três primeiras temporadas, ainda que meu episódio preferido seja a dobradinha “House’s Head”/”Wilson’s Heart” que fecha a quarta temporada de forma devastadora, e um dos melhores seja o de abertura da sexta, “Broken”, praticamente um filme, com direito a abertura de Radiohead.

Após uma sétima temporada fraca, a última alternou bons e maus momentos. A expectativa para como a série acabaria era muito grande, e o final foi dividido em quatro episódios. Daí que achei os três que antecedem o último, “The C-Word”/”Post Mortem”/”Holding On” muito bons, intensos e emocionantes na medida certa, como parte dos grandes momentos do seriado. Mas o derradeiro, “Everybody Dies”, não me satisfez. Simplesmente porque acostumei com finais de temporadas angustiantes, dolorosos e esperava - e penso que a série e o personagem mereciam - um final mais amargo.

Mas assim como em Lost, o que vale é a travessia. E nesse aspecto, ainda que se estendendo um pouco mais do que deveria, House passa com louvor. Foi uma baita série, com um grande personagem, a quem vez ou outra fatalmente acabarei retornando.


Por Ricardo Pereira

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