Mês passado, após oito
temporadas, House chegou ao fim. Foi
uma série que acompanhei do começo ao fim com grande interesse. Não tem a ‘mágica’
ou emociona como Lost; está longe de
ter o 100% de aproveitamento de Sopranos,
muito menos o peso nostálgico de Wonder
Years, mas tem em seu protagonista um personagem interessantíssimo,
complexo e que virou ícone mundial.
Eu, que nunca suportei séries ‘de
hospital’ como ER, por exemplo,
fiquei aficionado por House. Isso se
deu não pelos casos médicos apresentados a cada episódio e sim pela arrogância,
cinismo, egoísmo, sarcasmo e misantropia do genial especialista em diagnósticos Gregory
House, interpretado magistralmente por Hugh Laurie.
Curioso que com uma visão tão
pesada e negativa da vida, o doutor House tenha alcançado tanta popularidade. Muito
se deve ao caráter investigativo da série e ao aprofundamento humano que vai
ocorrendo no decorrer das temporadas. Ainda que um ou outro caso médico tenha
me interessado, o que me manteve preso por tanto tempo à série foi a relação
entre o problemático protagonista e seu melhor (único) amigo, James Wilson (Robert
Sean Leonard), a diretora do hospital, Cuddy (Lisa Edelstein) e os membros de
sua equipe: Foreman (Omar Epps), Chase (Jesse Spencer), “Thirteen” (Olivia
Wilde), Taub (Peter Jacobson), Cameron (Jeniffer Morrison), entre outros. Todos
com seus problemas pessoais e tendo que lidar com as excentricidades e
armadilhas de Gregory House.
Pessoalmente, durante um tempo, a
série pode ter me feito mal. Deixei-me influenciar demais pelo negativismo e
pela postura de House e passei a me comportar muitas vezes com uma arrogância e
desprezo pelas regras exagerados, com o botão de ‘foda-se’ ligado por mais
tempo do que deveria. Ao menos, é o que pensam alguns amigos.
Verdade que a série deveria ter
durado menos, alongou-se demais em uma fórmula que acabou se desgastando. O
fino do programa está nas três primeiras temporadas, ainda que meu episódio
preferido seja a dobradinha “House’s Head”/”Wilson’s Heart” que fecha a quarta
temporada de forma devastadora, e um dos melhores seja o de abertura da sexta, “Broken”,
praticamente um filme, com direito a abertura de Radiohead.
Após uma sétima temporada fraca,
a última alternou bons e maus momentos. A expectativa para como a série
acabaria era muito grande, e o final foi dividido em quatro episódios. Daí que
achei os três que antecedem o último, “The C-Word”/”Post Mortem”/”Holding On”
muito bons, intensos e emocionantes na medida certa, como parte dos grandes
momentos do seriado. Mas o derradeiro, “Everybody Dies”, não me satisfez.
Simplesmente porque acostumei com finais de temporadas angustiantes, dolorosos
e esperava - e penso que a série e o personagem mereciam - um final mais
amargo.
Mas assim como em Lost, o que vale é a travessia. E nesse
aspecto, ainda que se estendendo um pouco mais do que deveria, House passa com louvor. Foi uma baita série,
com um grande personagem, a quem vez ou outra fatalmente acabarei retornando.
Por Ricardo Pereira
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